segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

PERDÃO

As coisas não tinham saído como ele pensara. 


Agora mesmo, estava sentado na calçada, olhava as pessoas que passavam e nem se quer o olhavam.


Pra falar a verdade, em outros tempos, também não pararia para olhar um homem mendigo ou mesmo ajudá-lo!


Mas ali estava ele, desempregado, com fome e sem nenhuma perspectiva... Sem contar que a vergonha e o orgulho não o deixavam reconhecer que tinha feito uma péssima escolha.


Como poderia imaginar que a ideia de sair de casa com sua herança iria  ser uma grande furada? Tinha pensado em tudo, em todas as festas que poderia participar, as casas de shows em que dançaria a noite inteira com todas as garotas disponíveis, enfim, não havia nada de errado em seus cálculos... A herança pagaria todos os seus gastos...


Ainda sentia fome.


Levantou-se e desejou comer os restos de comida deixados nos pratos ali naquela lanchonete...


De repente, imagens de uma mesa farta surge diante de seus olhos... sorrisos à mesa, fartura... Ali, ele via como sua vida havia se resumido em sobreviver, comer o pão de cada dia, literalmente, para poder continuar...


Lágrimas rolam em seu rosto, na verdade, verdadeiras cachoeiras, pois o pranto vem abundante, como a sua dor... Não consegue parar, nem liga quando algumas pessoas passam olhando-o com estranheza, agora, ajoelhado, sente a dor de seu pai quando foi embora, com todas as suas ilusões, com toda a sua arrogância...


Sentia que tinha que voltar... Sentia que tinha que pedir perdão, mesmo que seu pai não o aceitasse mais em sua casa, mas não viveria mais um só dia daquela forma... 


Sim, se humilharia, lhe pediria para que o aceitasse pelo menos como seu empregado... Com certeza, aqueles dias no mundo ele aprendera algumas coisas que poderia usar na casa de seu pai como seu empregado...


Andando, pois não tinha dinheiro para pagar o ônibus, ora pedindo carona, ele enfim se aproxima da casa de seu pai e o vê na varanda...


Seu  pai também o vê e por alguns instantes eles se olham... Seu pai sai de seu lugar e rápido, pois tinha pedido a Deus pelo retorno do seu filho, vai ao seu encontro...


Ele o abraça forte e chora com  seu filho. 


- Pai, me perdoa, pois agora sei que o magoei, que abri mão do seu amor por migalhas que o mundo me oferecia, que deixei seu amor por tão pouco... Perdoe-me, sinto muito... Sei que não mereço ser chamado seu filho, mas me aceite pelo menos como um de seus empregados, eu preciso tanto... do seu perdão para poder prosseguir...


- Filho, você sempre será meu filho... Eu te amo e estava aqui te esperando, orando todos os dia para que você retornasse... Sim, eu o perdoo, porque eu te amo e quero te ver feliz..  Você nunca deixou de ser meu filho e eu nunca deixei de te amar. Seu lugar ainda está te esperando.  Seja bem vindo de volta ao seu lar, meu filho.











Nenhum comentário:

Postar um comentário