domingo, 22 de junho de 2014

LUZ DA VARANDA


Ali estava ela. Era noite, alta madrugada, na verdade. Mais uma vez não conseguia dormir. 
Seu coração estava inquieto, ela precisa tomar uma decisão. Uma parte dela diz NÃO, a mais racional, que tudo destrincha e secciona... mas a outra parte, tão emocional, tão vibrante e corajosa diz SIM...
Sentada diante da janela da varanda, pelo vidro olha no apartamento da frente, em outra varanda, pensa ver sua resposta: um casal de idosos, sim, ela sabe que são idosos porque já os viu pela manhã, sentados juntos. Dado um tempo, eles se levantam e, juntos, recolhem almofadas, ajeitam alguma coisa e apagam as luzes da varanda. Agora tudo está escuro. Cumplicidade, foi o que ela viu ali. Companheirismo. E, talvez, Amor. E, de repente, percebe ela, quer também aquele tipo de coisa: envelhecer ao lado da pessoa amada. Apagar a luz da varando ao lado de seu amado. Não, ela não sabe e nem imagina por quais problemas e tempestades aquele casal teve que passar, mas acredita que eles devem ter tido momentos tão fortes de alegria que os uniram durante a sua jornada juntos. De alguma forma eles chegaram ali e transmitiam o que ela buscava. 
Então, envolvida por aquela cena e por tudo que lhe trouxe ao coração, razão e emoção decidem ser unânimes pelo menos uma vez: SIM. Essa era a resposta que ela tinha agora em seu coração. Resposta que lhe trouxe paz.
Ela levanta do seu lugar certa de que alcançou a sua essência, o desejo secreto de sua alma e, humildemente, aceita o fato de querer viver ao lado da pessoa amada. É, haveria festa em sua vida e tempestades também, mas seriam solidificados e, como aquele casal de idosos, um dia, estaria na varanda sentada ao lado do amado e juntos apagariam a luz da varanda. E alguém, como ela, descobriria sua resposta."

           


SONHOS, DESEJOS, PROMESSAS...

Quando penso em nós, lembro-me dos jovens encantados pelas emoções, os desejos descobertos naqueles dias...
Penso em como foi maravilhoso se permitir amar, desejar um ao outro e querer saber mais sobre amor e sonhos.
Realmente, no início não foi fácil. Foram tantos os medos... Mas você, a cada um derrubou. Como certo amigo me disse que um dia aconteceria. Um dia, disse ele, você conhecerá um rapaz que vai derrubar, um por um, desses tijolos dos seus medos.
É, realmente, ele tinha razão, conheci você!!
Talvez, quem sabe, eu deveria ter ficado em meu canto. Mas me encantei por você e deixei que me conquistasse.
Foram tantas as promessas de coisas lindas e emoções tão quentes e aconchegantes... e, como quem fica confortável em um sofá com uma caneca de chocolate quente nas mãos, fiquei assim, descansando em seu amor, me deixando mimar e me conquistar, me deixando apaixonar.
É, bem da verdade, não foi uma paixão desenfreada, com frio na barriga e suor nas mãos. Eu sei, você me conheceu já com um coração medroso e que não se entregava mais a essas emoções. Não, você, sabiamente, me conquistou na amizade, no cuidado, no estar presente, no companheirismo. E então, não deu outra, meu coração escolheu você pra amar.
E eu te amei. Me entreguei de todo o coração, me entreguei com a razão e a emoção. Nunca antes elas tinham concordado. Sempre pisando manso, leve, para uma não discordar da outra... verdade, você bagunçou tudo... e eu gostei.
Agora, confesso, enquanto os anos passam e vejo que não vivo mais aquele amor consistente e as promessas que me fizestes, me pego perguntando “Para quê então toda a conquista e tudo o que a antecedeu?? Por quê então me entregar se não há mais a quem??”
Sim, eu sei, você se foi e esqueceu de fechar a porta. Fico aqui sentada, às vezes, na confiança de te ver voltar... de sentir o calor dos teus olhos sobre mim... de sentir o sabor doce de teus lábios e de me aquecer novamente em teus braços...
Como no início, me destes razões para te amar... agora, com outras razões, me pedes para te esquecer. E como antes, eu sei, conseguirás ter de mim o que desejas...