quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A VITÓRIA DO AMOR SOBRE O PASSADO

CAPÍTULO V

 Quatro anos se passaram desde os acontecimentos. Letícia consta agora com seus dezoito anos, os quais serviram para aperfeiçoar ainda mais a sua beleza. 
 Ao chegar em casa, sorri para a mãe e, abraçando-a fortemente, diz que a vida é maravilhosa.

- Vale a pena viver, mãe. Ah! Agora posso falar como falou Jó: " Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos." Mãe, agora eu posso dizer que conheço a Deus, pois eu senti o seu poder em mim. - Letícia falava sorrindo, como uma criança que acaba de conseguir escrever as suas primeiras letrinhas, ela irradiava felicidade. Sua mãe, como se soubesse o que se passava no interior da filha, sorria-lhe, pois estava certa: Deus mostrara à sua filha que o AMOR existe.

- Ontem à noite, ou melhor, hoje de madrugada fiz uma oração tão, mais tão sincera que senti como se não tivesse mais o que falar com Deus. Sabe o que é você pegar todas as coisas velhas que não vai precisar mais, essas coisas que o bom é queimar? Pois bem, abri o meu baú de tristes lembranças e, com a ajuda de Jesus, queimei-as para sempre.

- Letícia, minha filha, estou  muito feliz em saber que você resolveu, de uma vez por todas, esquecer o passado e viver o presente. Graças ao meu Redentor. Sinto-me mais feliz ainda em saber que esse coraçãozinho ama outro. Filha, você pode enganar a todos, mas a Deus e a mim, não! -D. Ruth sorriu-lhe de um jeito engraçado e vendo o embaraço da filha, disse: - Filha, pensa que não sei que aí escondestes, a sete chaves, um segredo que eu já sei, chama-se Dr. Lucas. Não fique assim corada, embora fiques mais bonita... Vai, filha, faz o que tens de fazer. Deus é contigo.

Sem dizer palavras, Letícia abraçou sua mãe, ficou ali em seus braços por alguns minutos e, olhando-a em seus olhos, perguntou:

- Mãe, a senhora acha que Lucas, realmente, me ama?

- Se eu acho? Tenho certeza. Fique sabendo que ele me contava tudo, desde que começou a gostar de você até o dia que disse que iria embora.

- O que vocês conversaram sobre mim? - Letícia quis saber.

- Não posso te contar... - D.  Ruth respondeu com um sorriso misterioso e deixou a filha sozinha, pensativa.

 Quatro e meia da manhã de terça- feira. Os postes nas ruas continuam acesos, algumas pessoas já estão de pé. Pode-se ouvir o choro de alguma criança, ou a cantiga nordestina de algum senhor que está se dirigindo para a roça. O galo canta, avisando aos que ainda dormem que um novo dia já nasceu, é hora de despertar. Em alguma casa, alguém faz um gostoso café para os que irão sair cedo. Em uma dessas casas, pode-se ouvir um hino de despedida e de garantida volta mais tarde. A casa, de onde sai esse som, é da casa de Lucas.

Em uma outra casa,pés de uma princesa vão de um lado a outro demonstrando o quanto ela está nervosa, mas que também demonstrava que havia tomado uma decisão da qual não voltaria atrás. A princesa de quem falo é Letícia, que desde às três da manhã encontra-se acordada, pois a ansiedade não permitiu que ela dormisse. Durante a noite pensou e repensou palavras, mas logo desistiu, pois acreditava que as palavras do coração são melhores do que as arranjadas.

 Seis horas da manhã. Lucas partiria às seis e meia, caso o ônibus obedecesse o horário. Na noite anterior recebeu muitos votos de felicitações e desejos ardentes dos irmãos que desse tudo certo por lá e, é claro, não esquecesse os irmãos de Formosa. Só uma coisa o entristeceu: Letícia não foi para a festa de despedida.

 Lucas usava uma calça jeans e uma camisa branca de gola alta. Como sempre, estava simples e bonito. O ônibus já havia chegado e  alguns passageiros começaram a embarcar. Sem saber porque Lucas sentia uma luta interior, uma parte de si mandava que entrasse logo também, a outra, por sua vez, dizia que esperasse só mais um pouquinho, não custava nada entrar por último, depois do motorista. Obedeceu o seu segundo lado. Três minutos após sua decisão, o motorista entrava no ônibus, quando ele, Lucas, estava para subir, ouviu uma voz já cansada:

- Lucas, por favor, espera... - Era Letícia ofegante, pois correra muito para chegar ali.

- Letícia... -Lucas foi ao seu encontro, pois nesse exato momento corre para ampara-la em seus braços, impedindo que ela caísse.

 A Rodoviária da cidade, por ser pequena, parou para vê-los. Ambos estavam tão absorvidos em seus sentimentos que nem notaram que eram alvo dos olhares curiosos. Até o motorista, já atrasado vinte minutos, parou para ver aonde aquilo tudo ia terminar.

- Letícia, meu amor, o que está fazendo? - Lucas perguntou-lhe erguendo o seu rosto , fazendo com que ela o olhasse bem nos olhos.

- Lucas, não podia permitir que você fosse embora com essa angústia de saber ou não se também o amo. Antes de mais nada, quero que saiba que também te amo. Está surpreso? Eu também fiquei. Há um ano descobri isso. Só que eu não quis aceitar, mesmo porque tinha prometido pra mim mesma que não voltaria a me apaixonar, entende?  Só que eu tinha me esquecido de que o AMOR, em especial o amor de Cristo Jesus, era capaz de apagar as feridas que o tempo deixou. Senti-me feliz ao fazer essa descoberta, pois dessa forma pude ver o amor nascer de novo. E você, estava ali, com seu carinho, sua amizade e sua compreensão... Quando dei por mim, eu estava me apaixonado por você. .. e tive tanto medo. Mas quando se despediu de mim, vi que não poderia deixar o meu verdadeiro amor ir embora, sem te dizer que te amo... Te amo, Lucas.

Estas últimas palavras foram acompanhadas de palmas dos que ali estavam. Letícia corou  demais. Lucas, todo sorridente, fez com que ela o olhasse para logo depois fazê-la reclinar sua cabeça em seu peito. 

- E aí, rapaz, continua a viagem? -Perguntou o motorista sorrindo.

 Lucas o olhou e sorriu.

- Letícia, preciso mesmo ir, estão me esperando lá no Hospital Universitário, mas ore a Deus de uma tal maneira que eu possa estar voltando em alguns meses. 

 Letícia sorriu. As suas mãos estavam unidas, já estiveram em épocas passadas, só que não com o mesmo significado daquele momento. Lucas aproximou-se e beijou-lhe. Olharam-se, sorriram-se, aos poucos foram soltando as mãos que, em pouco tempo estariam unidas para sempre.




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 Hoje, um ano após seu casamento, continuam o que demonstram ser daqui a mais alguns anos: eternos namorados. Ao olhar para o passado, Letícia sente-se feliz por tudo quanto aconteceu, pois quase cinco anos em seu cativeiro emocional, fora remida por duas pessoas que ama: JESUS, que curou suas feridas e, Lucas, que em nenhum momento deixou de lutar pelo seu amor.



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