quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Meu Avô

Andando pelas ruas da minha cidade, sinto-me livre e dona do mundo
Gosto do cheiro da manhã. De como ela é suave, fria e doce... De como me abraça e afaga o meu corpo... De como me alegra ao dizer 'bom dia, menina' com seu sopro em meus cabelos...
Gosto de ouvir os meus passos descendo pela rua do cemitério da cidade, de como é musical, pois agora estou correndo...
Nossa, como é gostosa a sensação de liberdade e segurança, pois, mesmo entrando agora na estradinha de barro que fica ao lado do cemitério, eu não sinto medo, apenas ansiedade para chegar ao meu destino...
Começo a correr e cantarolar alguma canção, não sei qual é, talvez apenas a melodia que vem da minha alma, poise estou feliz, muito feliz... 
Olho ao meu redor e constato feliz que naquele momento sou apenas eu e a natureza ao meu redor e, no meu mundo infantil, me sinto uma verdadeira princesa vistoriando suas terras...
Agora, quando subo um pequeno barranco, volto a olhar... De onde estou, posso ver minha pequena cidade, Sitio Novo... Meu reino é tão pequeno... Mas ainda me sinto feliz...
De longe já posso avistar sua barraca, não consigo vê-lo, mas sei que está lá... Pois desde às três da madrugada ele foi trabalhar.
Agora, começo a chamá-lo : "Vô, cheguei."  Ele não responde, então começo a correr e procurá-lo... O vejo encurvado sobre a enxada arando a terra.
Corro até ele e o abraço, ele fica feliz e me pergunta o que faço ali. Respondo simplesmente que acordei cedo porque eu queria ficar com ele todo o dia... Ele sorri feliz, e pergunta se tomei café e me manda comer alguma coisa... Volto correndo para a barraca e tomo o meu café. Logo em seguida corro de volta pra onde ele está e, enquanto ele trabalha, eu fico ao seu redor cantando e brincando... 
Mas existem os momentos em silêncio, apesar de pequena, sei que ele ama o silêncio e acabamos compartilhando isso também... Nos sentamos no chão batido da barraca e comemos tranquilos o almoço, bebemos da água barrenta da pequena barragem que ele abriu e ficamos assim, sem ter o que fazer ou dizer por um tempo, até ele retornar ao seu trabalho...
E eu fico ali, olhando-o, contemplando aquele homem simples, que não fala muito, mas é trabalhador, honesto, amigo e protetor... Que respeita os outros e, do seu modo rude, demonstra amor e cuidado por essa neta que nao deixa de repetir que o ama... Eu não posso ler seus pensamentos, mas sinto pelo seu olhar o quanto ele fica emocionado pela atenção e o carinho que lhe devoto... Ele sabe que o amo.
Começa a entardecer. Eu o ajudo a recolher suas coisas e caminhamos juntos, ou melhor, tento, pois não consigo parar de correr e cantar, mas sei que ele está ali, me observando e sorrindo do seu jeito engraçado, como quem não quer achar graça mas não tem como evitar... Sou sua neta querida e ele o meu avô amado, que sempre vou me lembrar...
Obrigado Vô, por tudo que me ensinastes. Sempre vou te amar, por toda a eternidade.












4 comentários:

  1. Que legal!!!
    Vc é uma pessoa super família mesmo... preservando esse admirável espírito infantil... =D =D
    suas raízes exalam no olhar.
    Parabéns pelos valores cultivados!
    Fica c/ Deus.

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  2. Obrigada, Adriano. Amo mesmo minha família, sou o que sou por tudo o que aprendi com eles, cada um deles...
    Vou postar sobre cada um de minha família, rsrrsrs... eles são maravilhosos.

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  3. Zucleide,

    Que lindo e muito bom para vc desenvolver seus talentos de escritora, externando seus pensamentos e convicções. Procure se associar aos bloqueiros evangélicos. Visite e divulgue o Samuca-borges.blogspot.com

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  4. Sim,

    Um maravilhoso 2012 para vc e família....

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