quarta-feira, 30 de maio de 2012

CULPADO

Era noite. Chovia e os ventos fortes traziam consigo o frio.
Pensamentos pesados e dolorosos invadiam a sua mente. Seus medos, como sombras, se avolumavam diante dele.
Como se desfazer daquela dor que o consumia, o devorava como leão faminto???
Como calar a voz do medo que triturava suas entranhas, sufocavam seus pulmões e o agrediam na boca do estômago??? 
O jeito foi se isolar, guardar o pouco de si em seu quarto escuro e frio, apenas com o calor tênue de seu cobertor...e esperar, esperar que aquela violenta tempestade de emoções, com seus tufões e ventanias acabassem, pois sim, como em outros momentos,( pois já tivera momentos como esses),tudo passaria... Sabia, com certeza, que sentiria tudo de novo, mas também aquele momento iria passar...
A bem da verdade, não queria dividir sua dor com ninguém. Pois, quem entenderia? Quem o ajudaria a calar sua culpa, seu medo e sua raiva? Pois sim, sentia raiva também! Raiva da culpa em que se metia e, sabia, sabia que não deveria se deixar levar, pois, afinal, ele não era perfeito, nunca conseguiria ser cem por cento, jamais... 
Então, por que ainda se sentia daquela forma quando as lembranças da sua indiferença, despreparo e falta de empatia tinha levado outro igual a sofrer?? Agora era tarde. Tudo já passara. Menos a vergonha de não ter cuidado de quem dependera dele. Sim, agora era tarde. E pra ele também.
O sono, onde estava que não o tirava daqueles pensamentos tortuosos, que só serviam para inquietá-lo, aborrecê-lo e o culpar ainda mais... É, aquela seria mais uma noite em que ficaria sozinho... Sozinho dos outros, do sono e, se pudesse, de si mesmo... 
Alguém disse que ele estava deprimido. Mas quem sabe o que é isso? Quem, de fato, sabe o que é estar deprimido??
Não, ele não estava deprimido e sim prestando contas por sua falta, por sua apatia, por sua covardia, pois, como ele iria calar a voz da razão quando ele mesmo entendia que foi culpado... culpado... culpado...????!!!





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